segunda-feira, 22 de setembro de 2008

AVISO IMPORTANTISSIMO!!!!

Atenção queridos leitores:

Este blog mudou de endereço! Agora você pode continuar lendo o que eu tenho e não tenho pra escrever em: www.aceiteestamanga.wordpress.com
todo o conteúdo desse blog foi exportado pra lá. Textos e comentários e eu já postei coisa nova por lá.


Obrigada por lerem, e nos vemos nos próximos posts.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Eu preciso é de um laço.

Eu não preciso de um empurrão. Não, eu preciso é de alguém que esteja do meu lado e me estenda a mão. Não para me puxar, eu nao preciso ser puxado. Eu queria alguém para caminhar ao meu lado laçado comigo.
Ela me olha e diz que está tudo bem. Está mesmo? Ela ainda sorri pelos dias que passaram, pelos momentos felizes que tivemos. Eu olho pra ela, eu sorrio de volta, eu fumo meu cigarro. Ela me acha tão legal.
Somos tão modernos. Jovens, bem empregados. Ela me dá um beijo e comenta sobre um cliente. Eu olho pra ela, eu a vejo sorrir, eu penso nisso tudo.
Ela segura minha mão. Ela caminha ao meu lado, laçada comigo? Não. Eu não consigo entender, não consigo encontrar o porquê disso tudo. Que porra é essa afinal?
Eu a tenho dentro de mim, eu a tenho fora de mim. Há momentos em que me sinto satisfeito. Mas eu não quero mais pensar nisso tudo, analisar e ver o quanto eu tenho.
Se fosse bom de verdade eu já saberia disso por si só, apenas por viver, apenas por ter, sem pensar. Não é?
Eu seguro a mão dela, eu apago o cigarro. Eu a beijo. Ela me olha e sorri. Ela encosta a cabeça em meu peito e me diz que tudo ficará bem. Ela tem planos, eu tenho planos. Seriam eles os mesmos?
Eu não preciso de um empurrão, não. Eu preciso é de alguém que esteja do meu lado e me estenda a mão. Não para me puxar, eu nao preciso ser puxado. Eu queria alguém para caminhar ao meu lado laçado comigo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A cabeça doente de Korine, ou comparando e relacionando: De Gummo à Ken Park.

O texto de hoje é sobre esse cara aqui:
O Harmony Korine.
A foto está um pouco desatualizada, mas vamos lá. Vamos falar do Harmony Korine.
Korine é um jovem cineasta norte-americano, com seus apenas 35 anos de idade tem no currículo filmes que sempre, e eu digo sempre, vão dar o que falar. Aos 19 anos ele escreveu Kids, que foi rodado em 1995 e marcou minha infância. Até hoje me lembro de como o filme acaba e de como fiquei incrédula. Sua estréia como diretor veio em Gummo de 1997, que eu só vi semana passada. Ele ainda participou do Dogma95 com o Julien Donkey Boy de 1999, também conhecido como Dogma#6. Esse eu não pude ver porquê não foi lançado no Brasil (mas que por aí tiver ou souber onde achar e quiser me mandar eu super aceito!). Como roteirista ele ainda escreveu Ken Park, de 2002 e que eu vi ano passado ou em 2006. Ken Park tem uma linguagem bem diferente de filmes que vemos por aí.
E é disso que eu quero falar, especificamente: de linguagem. Da linguagem do Korine, da narrativa desse jovem roteirista.
Quando eu assisti Ken Park foi quase como um baque. As personagens eram como eu nunca tinha visto antes. Plácidas e cheias de problemas... eram problemas que vivenciamos ou presenciamos quase que diariamente, mas de forma caricaturada. Eram meus pequenos problemas e minhas pequenas vivencias potencializados mil vezes. É o típico filme da vida real que você assiste e diz no final "ah, isso não acontece". Mas acontece.
A história desse filme se desenrola a partir de um acontecimento que faz parte da vida das personagens, mas que passa. Esse acontecimento marcante se apaga na vida delas. E como se isso nunca tivesse acontecido elas são apresentadas a nós por um narrador. O narrador não é o mesmo a história inteira, ele é revesado entre as próprias personagens que vão se apresentando entre si. As vivências das personagens seguem uma ordem cronológica, mas não é possível dizer quanto tempo se passa naquele mundo. A gente não é capaz de dizer por quanto tempo acompanha aquelas pessoas. A história beira o tédio e beira o inesperado, o filme beira o incômodo. Quem são aquelas pessoas? Que histórias são essas? Por quê eu to assistindo esse filme, afinal?
E então o filme acaba.
Semana passada eu consegui assistir ao Gummo e a história foi incômoda. Me cansei na metade, quis desistir, não sabia o que ia acontecer, não sabia se iria aguentar até o final, não sabia mais porquê estava vendo tudo aquilo. Quem eram aquelas personagens? O que se passa em Xênia, Ohio? Quem era aquele narrador? Era o mesmo narrador? Aquilo não acontece na vida real, ninguém é assim...
E então eu reparei que tinha muito de Ken Park em Gummo. Não, Péra! Tem muito de Gummo em Ken Park.
O surrealismo de Gummo se tornou uma idéia muito bem trabalhada em Ken Park. Eu entendo e aceito quem não gosta de Ken Park, não é isso que estou discutindo aqui. Não estamos falando de gostos e sim da evolução da linguagem que o Harmony Korine usa nesses dois roteiros. Ele conseguiu aproximar essa desconstrução de imagens da realidade, tornando todas as suas personagens caricaturais em algo palpável, com rítmo e alma.
Talvez Gummo seja para ficar distante do espectador mesmo, afinal... onde é Xênia, Ohio?
Isso eu não posso responder, mas posso apontar que é impossível assistir a esses dois filmes desse talentoso roteirista (e não tem essa de gostar ou não dos roteiros dele, o cara é bom mesmo), e não estabelecer a clara relação. A estrutura é a mesma e tá ali para qualquer um ver. Ver e apreciar.
É gostoso reparar em coisas pequenas como essa, consumir filmes com atenção e conseguir fazer ligação de uma obra à outra de algum roteirista ou diretor. Recomendo ambos filmes, não para deleite pessoal, mas sim pra bagagem cultural porque vale a pena. Mesmo.